Ah, a Bolívia!
Chegamos a mais um destino na América Latina, um país tão desafiador quanto fascinante. A Bolívia é frequentemente mencionada nos jornais e blogs de viagem por suas belezas naturais e seus conhecidos problemas: combustível, burocracia e a complexidade de suas leis. Felizmente, a corrupção não foi uma questão com a qual nos deparamos.
Nossa jornada começou na região norte da Argentina, cruzando a fronteira em La Quiaca. Passamos por quase tudo o que as histórias contam. Foram cerca de cinco horas na aduana boliviana, um processo lento e marcado por uma burocracia extenuante para a entrada de veículos estrangeiros de turismo. Só podemos imaginar o que enfrentam os caminhoneiros de carga!
O ambiente na aduana era caótico. O Beto, nosso guia, conta que as coisas já estiveram piores, mas ainda assim, a confusão reina: carros por toda parte, vias mal sinalizadas, e a necessidade de trafegar na contramão em alguns momentos. Fomos de um lado para o outro entre os trâmites de ambos os países. Hoje, é exigida a autorização de tráfego das motos, com apostilamento de Haia e oficialização pelo consulado boliviano no Brasil. Uma verdadeira odisseia!
Após sair da aduana, enfrentamos mais caos. Era domingo, e as ruas estavam tomadas por feiras, vendedores e um emaranhado de carros, pessoas, bicicletas, animais e tuk-tuks. A buzina é a lei no trânsito: quem buzina primeiro, ganha a preferência no cruzamento.
Finalmente, pegamos a estrada. Tudo começou a acalmar, mas logo fomos parados em uma barreira policial a menos de 10 km da fronteira. Tivemos que mostrar todos os documentos novamente, que foram verificados com rigor, letra por letra, placa por placa.
A viagem seguiu por uma estrada incrível até nosso destino: Uyuni. Lá, encontramos um oásis no meio do caos, um hotel espetacular com cozinha internacional, piscina e sauna. Era exatamente o que precisávamos para descansar das dificuldades dos dias anteriores.
No dia seguinte, sem pressa, partimos para o maior deserto de sal do mundo: o Salar de Uyuni. A sensação de liberdade ao pilotar por aquela imensa planície branca é indescritível. Não há estradas definidas, apenas quilômetros de um vazio hipnotizante, como pilotar na praia do Cassino, só que multiplicado por mil.
Visitamos a Plaza de las Banderas e o Monumento ao Dakar. Missão cumprida, era hora de seguir viagem rumo ao Chile. Mas, antes disso, outro desafio: abastecer as motos.
A Bolívia tem uma política de subsídio para o combustível que complica o abastecimento para estrangeiros. Podemos abastecer apenas em postos da rede YPF-B, onde a gasolina custa o dobro do que para os bolivianos. O preço para nós é de 8 bolívares por litro (cerca de 0,80 centavos de dólar), enquanto para os locais sai por 3,56 bolívares. Isso abre espaço para esquemas, como o que vivemos. Após duas horas de espera, a gerente do posto nos ofereceu gasolina a 7 bolívares, desde que pagássemos em uma única vez e em dinheiro. Ela abasteceu como se fosse para um boliviano, pagou 3,56 ao posto e ficou com a diferença. Típico da Bolívia!
Deixamos Uyuni e seguimos para o Paso de Olague. A estrada de sal compactado, margeando o Salar, era ótima, mas terminava em um trecho asfaltado com obras. Os últimos 60 km até a fronteira estavam complicados, com trechos de material solto que exigiam atenção máxima. A paisagem, no entanto, compensava: vulcões ativos, lagunas e salares, uma beleza natural incomparável.
A saída da Bolívia foi rápida, mas exigiu mais uma vez a conferência de todos os documentos. É crucial fazer todos os trâmites corretamente na entrada, pois muitos viajantes já perderam veículos por documentação incompleta.
De lá, seguimos para San Pedro de Atacama…